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18 de set. de 2010

Cidade do aço




Muitos motivos nos distanciam da nossa terra natal.
Alguns alegres, outros, nem tanto...
Mas, sempre a trazemos em nossos corações e no nosso viver seja de uma forma ou de outra.
Eu, por exemplo, sou cidade do aço em muitos aspectos.
Aquela coisa perdida entre o Surreal e o concreto.
Volta Redonda surgiu disso, de um sonho de progresso e hoje busca na razão dos seus intelectuais, justificativas para toda essa insensatez.
Agora, segue seu  triste curso, a exemplo do Rio Paraíba, que faz aquela volta, aquela, exatamente aquela, que lhe deu o nome.
Não chegou a lugar nenhum e o velho Paraíba, sem peixes, sem capivaras, sem suas prainhas, vai bater no meio de um mar que também está morrendo aos poucos.
Minha cidade surgiu daquele forte desejo de progresso, que antes só se era pensado em termos de industrialização, como instrumento fundamental do capitalismo.
Volta Redonda, outrora área de segurança nacional teve por muito tempo negado seu poder de escolha.
Decidiram tudo por ela e diga-se de passagem, algumas dessas decisões em nada lhe foram favoráveis.
Perdeu suas belezas naturais  e hoje seu patrimônio define exatamente aquilo que nunca se deveria ter feito com uma terra, ou seja um rio agonizante, um céu cinza, uma fábrica tão pouco comprometida com o meio ambiente...
Por fim, caiu nas mãos de mercenários.
Pergunto?
Por que nada fiz?
Naquele tempo eu não tinha a mínima noção de nada.
Não entendia ainda os conceitos  de ecoturismo, de desenvolvimento sustentável, essas coisas.
Nem o valor que as coisa naturais alcançariam nos dias atuais.
Mais vale hoje, um rio de águas cristalinas, um casarão antigo, uma fazenda do tempo do Brasil colonial , uma fonte de água natural, um campo verde, uma floresta, um ar puro do que todo aquele aço, aquela fumaça sufocante, que sustentou nem todas as pessoas da cidade e hoje depois de ser alvo do projeto neoliberalista, sustenta muito menos ainda.
Resultado disso:
A gente coloca as trouxas nas costas e  sai da nossa terra, sem saber se um dia vai poder voltar, nem que seja à passeio ou quem sabe se der, no dia da eleição, pois me faltou coragem para transferir o meu título.
Quem sabe no dia da eleição para exercer a cidadania e rever os amigos.
Quem sabe?