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14 de jan. de 2009

Eu não quero escrever mais!


Eu não quero escrever mais. Escrever é bom, mas me toma um tempo considerável. As vezes, tenho a impressão de que a vida está passando lá fora e eu aqui dentro de um apartamento, digitando, digitando...
Fico dias trabalhando nos meus textos e sempre acho erros, quando os reviso. São como filhos para mim. Recebem meus cuidados diários. E ainda me deparo com o fato de um monte de gente ter pensado as mesmas coisas que eu e já tê-las registrado primeiro. Penso: nada de original nos meus escritos...
Hoje então está um calor insuportável. Melhor seria se eu estivesse caminhando na orla com a minha família. Afinal de contas, é verão! Mas, estou aqui, escrevendo algumas linhas que creio: não me levarão à lugar nenhum! Várias "Letras vomitadas ao vento"(título do livro de um amigo meu lá do Paraná, o Samuel).
Acho que inventaram esta tal de escrita para prender os bobos. Enquanto fico aqui escrevendo no meu diário eletrônico e me julgando "a intelectual", deixo de lutar por meus objetivos. Cada dia precioso da minha vida, são momentos que passam e não voltam mais; um tempo perdido que não se pode mais resgatar.
Escrever é somente para um pequeno número de privilegiados que podem se dar ao luxo e não para mim que preciso matar um leão por dia para sobreviver; que preciso me preocupar com contas para pagar no fim do mês ou coisas desta natureza. Por isso, não vou escrever mais. Estou aqui me despedindo desta viagem ao mundo das letras que me foi muito útil por um certo tempo, talvez até como fuga da realidade; uma espécie de válvula de escape, sei lá!
Nas madrugadas, as idéias me vinham: eu ficava horas e mais horas a organizá-las na na mente para de manhã bem cedo, antes mesmo de tomar um café, expressá-las, torná-las reais. Como se só me restasse isto para fazer na vida: Pensar, escrever, viver!
Por um momento foi realmente minha forma de existir no mundo. Parei com tudo só por causa da escrita. Por alguns dias deixei de lado até minha família.
Nesta ânsia pelo "ser", acabei contraditoriamente me esquecendo de mim mesma. E na busca por provar a minha existência, terminei por negá-la completamente.
Mergulhei de forma intensa neste profundo oceano - o literário.
Coisa confusa esta!
Melhor me foi o ato de escrever do que o deparar com a minha atual e desafiadora situação.
Na verdade, houve até certos pontos positivos: treinei a língua portuguesa escrita; recebi comentários sobre meus textos que me alegraram muito e sustentei por algum tempo a minha esperança de um dia ser uma escritora de verdade. Pena que esta durou bem pouco. Os elogios, foram todos muito benvindos, mas o fato é que despertei dos meus delírios; me levantei e saí da frente do meu computador; respirei fundo e decidi ir
à luta!
Resolvi então ver como estava o mundo lá fora. Quase desfaleci quando vi tanta gente na peleja vagando pelas ruas da cidade. Eu sou só mais uma destas, pensei cá com os meus botões.
Apenas mais uma na batalha pela sobrevivência.
Fiquei pensando em algo para fazer que me pudesse gerar capital e Cheguei a triste conclusão: eu não tenho o mínimo talento para ganhar dinheiro.
Pensei outra vez com meus botões: deveria sim, era ter ficado em casa, bem quietinha, como o inseto da obra : "A Metamorfose", do Kafka.
Olhar a multidão em nada me ajudou além de me causar uma enorme frustração e sensação de insegurança.
Saber que daquele meio, bem poucos alcançarão seus objetivos ou mesmo subsistirão.
Todos correndo para embarcar no trem da vida sem saber ao certo o ponto de chegada.
-Que agonia!
E só agora parei para pensar em tudo isso.
Misericórdia Deus!
Muitos me condenariam pelo fato de me apegar à Deus nestas circunstâncias, mas na minha concepção é só Deus, mesmo!
A fé é que me tranquiliza o coração, possibilitando-me atravessar pelo mar da vida sem me afogar:
E sigo nesta minha difícil trajetória, confiante na vitória que certamente um dia experimentarei.
Eu acredito em Deus mesmo e ponto final.
Sei que tudo isso passará, mas, escrever não vou mais e isto por um bom tempo. Preciso agir, fazer algo que não tenho a mínima idéia do que seja.
Já pensei em tantas coisas!
Todavia, escrever?
Por um bom tempo, não vou mais não!
Escrever alivia a alma, mas não paga as contas.
Até algum dia!